O fim de ano chega sempre com a mesma coreografia: luzes piscando, lojas lotadas, músicas repetidas, clima de “final feliz” estampado em todo canto. Parece que o mundo inteiro entra em modo celebração, como se dezembro viesse com uma regra silenciosa: sorria, organize tudo, compre presentes, faça planos, esteja bem.
Mas
a verdade? Nem sempre é assim.
Às
vezes, esse “clima mágico” pressiona mais do que acolhe. Porque enquanto os
comerciais mostram famílias perfeitas, muita gente está tentando lidar com o
balanço emocional do ano que passou. As festas pedem brilho, mas por dentro, às
vezes existe um cansaço, um vazio, ou até um aperto silencioso que ninguém vê.
E
está tudo bem se você não estiver vivendo o Natal de comercial de TV.
Esse texto é exatamente para você que sente essa mistura estranha de alegria e
incômodo.
O
fim do ano e os “deveres invisíveis”. Festas, enfeites, presentes e fotos
sorrindo.
A gente sabe a teoria: é tudo sobre união, amor, celebração.
Mas, na prática, dezembro carrega: a
cobrança de estar feliz; a pressão das compras; a comparação com a vida dos
outros; as reflexões do que “deu certo” ou “não deu certo” e o custo emocional
e financeiro das festas.
Parece
que existe um roteiro invisível dizendo como dezembro deveria ser. E
quando nossa realidade não encaixa nesse roteiro, nasce a sensação de
inadequação.
“Será que sou eu que não sei aproveitar o
momento?”
“Por que todo mundo parece tão bem e eu não?”
“Por que esse peso, se era pra ser leve?”
Você não está
sozinha(o), isso é muito mais comum do que você imagina, só não aparece nas
fotos postadas.
As
fotos perfeitas e a comparação silenciosa
O
feed mostra viagens, ceias enormes, famílias unidas, mas ninguém posta a
ansiedade antes de encontrar a família, ninguém mostra o cansaço do ano inteiro
e ninguém exibe o cartão de crédito depois das compras.
E
quando a gente esquece disso, começa a comparar nossa vida real com o “melhor
momento” dos outros, é uma comparação injusta e cruel.
Lembre-se:
foto não é verdade absoluta, é um recorte, um segundo, um filtro.
O
problema é que, quando estamos sensíveis, esses recortes parecem verdades
definitivas.
O peso financeiro que quase ninguém admite, presentes, roupas novas, enfeites, confraternizações, amigo secreto, viagens…
Dezembro não é só emocionalmente exigente, ele é financeiramente pesado.
E muitas pessoas entram no automático: gastam, parcelam, exageram, tudo pra não “ficarem de fora”. Como se não participar de tudo fosse sinal de fracasso.
Só
que gastar além do possível não traz leveza, traz culpa. E essa culpa se
infiltra no mês de janeiro como uma ressaca silenciosa.
Você
não precisa provar nada para ninguém comprando coisas que não cabem na sua
realidade.
Viagens
e encontros, nem sempre leves
Tem também as viagens, as visitas, os
encontros de família.
Para alguns, é gostoso. Para outros, é gatilho. Porque têm pessoas que viveram
perdas; quem não tem família por perto; quem não se sente pertencente; quem
passou por rupturas ou conflitos; quem trabalha demais e chega exausto(a); quem
sente a solidão ainda mais forte nesse período.
O
fim do ano mexe com o emocional porque nos coloca frente a frente com o que
evitamos durante meses. E está tudo bem se você sente o impacto disso.
Nem tudo está perfeito, e isso não te torna fraco(a), você não está falhando por não estar radiante, você não está errado(a) por não entrar no clima, você não é “negativo(a)” por sentir mais do que os outros esperam, talvez dezembro esteja só te lembrando que você é humano(a).
E que você tem histórias, dores, memórias e expectativas que nem sempre cabem dentro do brilho das luzes de Natal.
O
que você pode fazer por você agora, nesse período pode ser mais leve se você:
1. Se permitir
sentir o que realmente está sentindo, sem se comparar, sem se cobrar.
2. Reduzir as
expectativas, talvez a sua festa seja pequena, talvez você gaste menos, talvez
você queira ficar mais em casa e tudo isso é válido.
3. Criar seus
próprios rituais, um banho demorado e relaxante, uma limpeza na casa, guarda-roupas,
crie uma lista de gratidão realista, uma caminhada silenciosa no fim da tarde
observando os diferentes tons de verdes e o som dos pássaros e um brinde só
seu.
4. Se proteger das
comparações, lembre-se: você não precisa viver o “dezembro perfeito” que a
internet vende.
5. Se acolher com
gentileza é um autocuidado importante porque você chegou até aqui e isso já diz
muito sobre você.
E
se o fim do ano estiver pesado demais, pare um momento e respire por um minuto,
não é só com você a vida real não segue roteiros perfeitos para ninguém e
especialmente em dezembro, cada um vive as suas próprias lutas e batalhas
pessoais.
Mas você não
precisa fingir felicidade para caber num clima que não representa seu momento.
Você pode viver
esse período à sua maneira: mais calma, mais simples, mais sincera(o).
O fim do ano não
exige perfeição, ele só te convida para uma pausa, e, às vezes, essa pausa é o
maior presente que você pode se dar.
E
para finalizar esse texto que amo muito sobre natal e expectativas, um trecho
do livro um minuto para mim.
“Quando
me desaponto comigo mesmo, em geral é porque não consegui o que exigi de mim.
Aprendi
a esperar que não se concretizem as fantasias de natais perfeitos, com ceia,
presentes e família e amigos sinceramente gratos a mim.
Agora
interpreto o natal como um dia em que devo dar graças pelo que de fato já
tenho.
–
o desapontamento... a infelicidade... é a diferença, entre a fantasia e a
realidade. – exatamente.
-
agora apenas aprecio o que acontece, em vez de compará-lo como que acho que
devia ter acontecido.
Aprendi
que meu sofrimento pessoal se origina da diferença entre o que está acontecendo
e o que acho que devia estar.
–
de modo que, se eu ignorar o que penso que falta da fantasia, e apreciar o que
já é bom na realidade.
Serei
mais feliz.
–
Funciona no meu caso
-
cuido de mim quando analiso o que quero em comparação com o que necessito. Qual
a diferença?
a necessidade é algo de que precisamos para nosso bem-estar. Aquilo que se quer é algo que esperamos que nos faça felizes... mas com frequência isso não acontece... eu me sinto bem-sucedido quando consigo o que quero – disse o tio, frisando a diferença – mas me sinto feliz quando quero o que consigo."
Silvana Souza de Sá Psicóloga e Sexóloga CRP 06/90506
Atendimento Online e Presencial no Tatuapé - São Paulo - SP
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